quinta-feira, 2 de abril de 2009

O último explendor

 


O Sol se esconde na neblina,

Quando o céu está no chão.

Pois minha mente está vazia,

Assim como meu coração.

 

O brilho no olhar irradia,

Ao olhar da bela flor.

Na morte dos doze dias,

Descansa bem meu amor.

 

Sempre deslumbrante,

Viva com explendor.

A vida desdenha a morte,

E a morte encerra o amor.

 

Se vier a falecer,

Dos pulmões sair ar frio,

Direi no suspiro término,

Que sem amor, morri vazio.

 

 

                                                                          Victor Augusto

 

 


(Série "De volta aos primeiros versos")

Coração Digital

 


     Um som grave e baixo no meu fone de ouvido. Uma pequena janela sobe, surgindo no canto direito da tela do meu computador. Meu coração dá lag, o sangue viaja em banda-larga... É ela! Surge outra janela na tela, com uma foto linda dela (e uma minha que, na minha opinião, dá para o gasto). No centro da janela, um “oi” seguido por um emoticon rosa, um ponto de exclamação, e no topo um nick com acentos, traços, parênteses, formando um coração e uma flecha, com o nome “Izabelle” a frente. Amor virtual. Para ela, novidade; para mim, conveniência...

     Minha vida sempre foi uma conexão local na rede mundial das pessoas, e minha mente, com seus milhões de terabytes de memória armazenada, não conseguia processar o fato das pessoas se conectarem tão bem sem ter necessariamente algum dado para transferir. Eu preferia ser para elas uma conexão nula ou, no mínimo, limitada. Mas claro que algumas delas já sabiam minhas senhas e acessavam sem problemas minhas informações, mas eu sempre preferi manter algumas portas bloqueadas, só por segurança.

     Assim, foi com muita surpresa que descobri que uma internauta, a quase dois mil quilômetros de distância do meu servidor, conseguiu inserir em meu coração o complexo vírus do amor, que invadiu meu sistema como por wi-fi, gerando um bug na minha mente e travando tudo. De repente, eu já não conseguia executar nenhuma ação corretamente, não sentia vontade de me conectar a mais ninguém e qualquer pensamento meu recorria ao arquivo Izabelle da minha memória para se habilitar. O servidor São Luís, no Maranhão, aos poucos foi ficando obsoleto para mim. Fiquei inoperante sem ela.

     O resultado foi um demorado download, que ela realizou de forma devagar e constante, me baixando de São Luís para Goiânia, e de quebra, ao me receber, se anexou ao meu sistema permanentemente com um longo e integrante beijo.

     Hoje somos uma rede fechada, trabalhando de forma integrada e dependente, com tarefas agendadas para serem realizadas simultaneamente ou individualmente, mas sempre em prol da estabilidade de nossa conexão. O até então vírus, agora é nosso sistema operacional, e as atualizações e renovações surgem em alta velocidade, mas sempre preservando os parâmetros de configurações iniciais de cada um e dos dois juntos. Nosso programa está instalado e pronto para usar. A rede está conectada. Totalmente craqueados, e ninguém será capaz de puxar a tomada.

 

 

                                                                                                    Victor Augusto

 

Refúgio

 


Refúgio na linguagem divina,

As vezes me parece pacificador.

Mas é como se afogar em um mar de silêncio,

Como uma faca cravada no coração.

O sangue pára. A vida pára.

E tudo que resta é uma lágrima teimosa.

 

Então acordo assustado.

Vejo que foi mais um pesadelo.

Noto que tudo o que restou,

Daquela terrível visão,

Foi a tal lágrima teimosa.

 

Lágrima essa que antes caia ao chão,

Hoje molha o ombro de um amor,

No qual busco um novo refúgio.

E sei que esse forte,

Por enquanto é,

Sem sombra de dúvidas,

Infinitamente mais pacificador.

 

 

                                                                        Victor Augusto