Saindo da solidão de meu quarto, onde finjo diariamente que está tudo bem, me encontro na situação de ter que olhar novamente seus olhos, os lindos olhos que aprendi a amar e a querer olhando para os meus.
O coração não estava preparado para um momento tão complexo. Muitas foram as noites em que ele era o companheiro de si mesmo em suas batidas dolorosas, sofrendo do veneno da esperança que a mente pregava.
Mas lá estavam seus olhos novamente me encarando, sua pele me tocando, sua voz acariciando meus ouvidos. Não foi fácil controlar os instintos e os desejos. Controlar a máquina chamada "amor" não é uma tarefa para os fracos.
Sentir seu perfume, observar o movimento de seus lábios, seguir seus passos, sua pele ali tão próxima da minha... E no fim minha alma queria fugir do corpo para qualquer outro lugar, e ao mesmo tempo tudo que mais gostaria de fazer era permanecer ali, mesmo sofrendo.
Amor é um sentimento traiçoeiro. Não ajuda quando se precisa dele. Não nos deixa em paz quando queremos ficar bem. Nos provoca, nos fere, nos prejudica. Nos trai.
E lá estava em um misto de total dor e completa alegria. Quase uma tortura calada, enquanto me deliciava ao mesmo tempo em que me mutilava ouvindo sua deliciosa e desejada voz.
Nos poucos momentos em que olhou para mim, em que sua voz procurou ouvir a minha, meu coração foi ao extase e ao inferno ao mesmo tempo. Grito interno evidenciando que ainda a amo, que a paixão nunca esteve tão presente.
Os minutos voavam, mas ao mesmo tempo se arrastavam dentro de mim, e a cada passo contado, a situação se tornava mais e mais insuportavelmente confusa.
E rápido e surpreendente como nosso encontro, foi nossa despedida, com promessas de um novo e mais particular momento. E sem dizer muitas palavras, a vi partir. Não me surpreendi com o aperto no coração, com as lágrimas e com a sensação de ter deixado algo para trás, algo que eu poderia ter feito. Mas eu a amo demais para tentar ultrapassar limites que foram impostos pelo seu coração.
Se foi para longe mais uma vez a mulher amada, e espero tenebroso e ansioso pela próxima vez.
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