sábado, 12 de novembro de 2005

A última conversa


 

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

O Sol já está a se pôr,

No arco-íris do horizonte.

Sua beleza é minha fonte...

Mas não esqueça sua missão!

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

 

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

O maior buraco do universo,

Na minha mente está presente.

Com certeza, bem a sente...

Não desprenda a atenção!

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

 

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

Já não há sentido,

Para o meu sofrimento.

Estou cansado desse tormento...

Esqueça toda a ilusão!

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

 

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

Que esse buraco seja o pior,

O sofrimento é vazio.

Perdido, triste, frio...

Não tenha compaixão!

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

 

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

Falta menos que o previsto.

Quase espera o corpo nú.

A perfuração do bico do jaburú...

Deixe a sã conspiração!

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

 

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

Podes escutar do sentimento,

O som da rebentação.

Sua mente em estado de levitação...

Segue sempre a comendação!

Segure firme a pá, irmão!

E cave, cave, cave...

 

...Seguro firme a pá, irmão...

E olho, olho, olho...

E um adeus contigo,

Por muito tempo meu amigo.

Esta cova é seu novo abrigo...

Desprezo a insubordinação!

Seguro firme a pá, irmão.

E cubro... Cubro... Cubro...

 

 

                                              Victor Augusto

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